quinta-feira, 22 de abril de 2010

TEOLOGIA NEOLIBERAL (1)

Na teologia neoliberal os homens não nascem iguais, nem tendem para a igualdade. Qualquer tentativa de suprimir a desigualdade constitui um ataque à natureza das coisas. Deus, ou a natureza, dotou alguns com talento e inteligência, mas foi avaro com os restantes. Qualquer tentativa de justiça social é inócua, pois novas desigualdades ressurgirão fatalmente. A desigualdade é um estimulante que faz com que os mais talentosos desejem destacar-se e ascender, ajudando, dessa maneira, o progresso da sociedade. Tornar iguais os desiguais é contraproducente e conduz à estagnação. Segundo W. Blake - «A mesma lei para o leão e para o boi é opressão».
A sociedade é o cenário da competição, da concorrência. Se aceitamos a existência de de vencedores, devemos também concluir que deve haver perdedores. A sociedade teatraliza, em todas as instâncias, a luta pela sobrevivência. Inspirados no darwinismo, que afirma a vontade do mais apto, concluem que somente os mais fortes sobrevivem, cabendo aos fracos conformarem-se com a exclusão natural, os quais, por sua vez, não devem ser atendidos pelo Estado de Bem Estar, que estimula o parasitismo e a irresponsabilidade, mas sim pela caridade, através de associações e instituições privadas, que amenizam a vida dos infortunados. Qualquer política assistencialista mais intensa leva os pobres para os braços da preguiça e da inércia. Deve abolir-se o salário mínimo e os custos sociais, porque falsificam o valor da mão de obra, encarecendo-a, pressionam a subida de preços e geram a inflação.

quinta-feira, 4 de março de 2010

A INICIATIVA PRIVADA FALHOU

São José Almeida, no Público do passado dia 20 de Fevereiro, defendeu que seria importante que a classe política e as aristocracias do poder político e económico começassem a assumir que faliu o projecto de sociedade, o modelo económico que foi ensaiado e contruído no pós 25 de Abril, sobretudo, desde o cavaquismo. Um projecto político subsidiário das teses neoliberais, que campearam nas democracias ocidentais - e não só nas democracias - e que se entretiveram a desconstruir muitas das estruturas do Estado Social, entregandoà criatividade da "iniciativa privada" e à sacrossanta liberdade de mercado as rédeas da condução do desenvolvimento económico.
Na realidade, sendo reconhecido que a actual crise é devida ao domínio do do sector político pelo sector financeiro e económico privados, devendo reconhecer-se que as ditas entidades reguladoras independentes são conversas da treta, cada vez mais caminhamos para sociedades onde predomina o homem-lobo do homem, numa competição onde só é possível haver poucos vencedores e muitos vencidos!

terça-feira, 2 de março de 2010

AFEGANISTÃO

Segundo comunicado de 22 de Fevereiro do governo de Cabul, as foças da NATO tinham como objectivo atingir uma caravana de carros que transportaria rebeldes talibãs, mas, após o bombardeamento pelo menos 27 civis mortos e feridos, entre eles havia quatro mulheres e uma criança, todos de um grupo étnico (Hazaras) que sempre se opôs aos talibãs. Os carros ficaram completamente destruídos e os corpos estavam tão desfigurados que foi difícel a identificação. O líder afegão da região desbafou: «Não queremos que peçam desculpas, ou que nos dêem dinheiro como fazem sempre depois dos ataques. Queremos que nos matem a todos, em vez de o fazerem um a um».
O general McChrystal, comandante na NATO e das forças dos EUA no Afeganistão disse: «Estamos muito tristes pela trágica perda».
Parece que a triste experiência da injustificada guerra no Iraque não foi exemplo suficiente para Obama! E há militares portugueses nesta guerra, estão a defender a civilização ocidental?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

À MESA DA USURA

Volto ao artigo de Manuel António Pina: O problema é que é cada vez mais difícil discernir quem, à mesa do banquete orçamental, se senta ao colo de quem, o poder político ou o poder financeiro. Voltando ao Canto XLV de Pound:
trouxeram putas para Elêusis
cadáveres dispostos no banquete
às ordens da usura

SISTEMA FINANCEIRO

Nesta época em que o sistema financeiro domina a economia real, com muita oportunidade, Manuel António Pina escreveu na Notícias Magazine (2010.02.21): Ezra Pound chamou-lhe «pecado contra a natureza», e o papa Cisto V «pecado contra Deus e contra os homens». O empréstimo de dinheiro a juros, «o lucro sem labor», é coniderado imoral pela Bíblia (no xodo, no Levítico, no Deuterónimo, nos evangelhos de Lucas e Mateus), proibido pelo Corão, condenado por filósofos (Platão, Aristóteles, Séneca, Plutarco, São Tomás de Aquino...), por Maomé, por Moisés, pelo Buda; foi banido em concílios como o de Niceia e de Latrão, declarado heresia e blasfémia por Clemente V; e Dante colocou os usurários - a quem a - igreja chegou a recusar os sacramentos e o funeral cristão - no interior do sétimo círculo do Inferno. Os usurários tornaram-se entretanto gente respeitável, capaz de temer a Deus e pregar valores morais e, simultaneamente, ler pela cartilha de Bentham que, em 1787, na sua Defesa da Usura, defendeu que cada homem deve ser o único juiz do modo como obtém lucros, não tendo de se ater a empecilhos morais.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Além do congelamento dos salários, os sindicatos da Função Pública querem negociar o regime de pensões e a progressão nas carreiras. Bettencourt Picanço, do Sindicato dos Quadros Técnicos, denuncia: «Um trabalhador que tenha Bom na classificação de desempenho tem a perspectiva de chegar ao topo da carreira em 140 anos. É ridículo».

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

CARTELIZAÇÃO NOS COMBUSTÍVEIS? «Não detectamos Indícios»

Manuel Sebastião, Autoridade da Concorrência (AdC) que tem a seu encargo a regulação deste sector dos mercados, foi ouvido no Parlamento no passado dia nove, sobre as suspeitas de haver cartelização nos preços dos combustíveis, isto é, se as respectivas empresas combinam entre si a fixação de preços de venda, o que poderá acontecer cá dentro e/ou nas empresas internacionais. A regulação dos mercados por entidades ditas independentes é uma das palavras-chave dos adeptos do mercado livre, que defendem não caber aos Estados meter o bedelho nessa questão. Sebastião garantiu que os preços dos combustíveis em Portugal seguem os preços intenacionais. Sobre a cartelização foi claro: «Não dizemos que não exista, mas não detectamos indícios».